'Guardiã' viaja pelo Paraná para preservar variedades raras de sementes crioulas de milho
05/10/2025
(Foto: Reprodução) ‘Guardiã de sementes’ viaja pelo Paraná para preservar variedades raras de sementes crioulas
A agricultora Ines Fátima Polidoro, de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba, viaja pelo estado com o objetivo de manter vivas as sementes crioulas de milho que ela produz. As sementes crioulas são variedades de plantas adaptadas, produzidas e selecionadas ao longo de gerações por agricultores familiares, comunidades indígenas e tradicionais, que as guardam e as passam adiante sem envolver tecnologia de edição genética ou o uso de fertilizantes e agrotóxicos modernos.
Neste trabalho de resgate histórico e divulgação das sementes, Ines visita diversas feiras onde faz trocas de sementes crioulas com outros agricultores.
De acordo com a agricultora, essa variedade de sementes permite produzir uma ampla diversidade de alimentos orgânicos.
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“Quando eu vejo uma semente crioula e eu vou em uma feira e alguém fala ‘ah, meu avô plantava’. Então, essa semente tem história", conta.
🔎 As sementes crioulas são variedades tradicionais por terem sido cultivadas por muito tempo em uma mesma área. Elas não são, necessariamente, nativas, e podem ter tido origem em outras regiões.
Ines faz parte de um grupo conhecido como "Guardiãs de Sementes Crioulas", formado por agricultoras que preservam suas próprias sementes com carinho e as trocam, também, com vizinhos. Elas também se ajudam na hora do plantio.
Após o plantio, esses alimentos são comercializados em uma cooperativa, por meio de editais de compra e distribuição de alimentos, por exemplo, para merenda escolar.
Vera Luiza Gonçalves, presidente da cooperativa, explica que essa comercialização representa a autonomia financeira para muitas dessas guardiãs.
“Algumas cooperadas [antes] não tinham nem conta bancária. Agora, elas se sentem valorizadas”, afirma a presidente.
Mulheres no Paraná fazem parte de grupo que preserva sementes crioula de milhos
RPC
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Grupos de guardiãs
Também em Mandirituba, a guardiã Marianne Spiller mantém, com outras pessoas, a Casa da Partilha.
No local as sementes crioulas são doadas para aqueles que desejam aumentar a variedade de alimentos.
Uma semente, em especial, tem o coração de Marianne: trata-se de um milho de cores variadas, considerado sagrado para povos indígenas.
Atualmente, ela envia a semente para diferentes comunidades do Brasil.
Milho de cores variadas, considerado sagrado por povos indígenas
RPC
“É um jeito de devolver o que é dos povos indígenas, mas que havia sido perdido”, Marianne diz.
Além da Casa da Partilha, há a Casa da Semente. Nela, um técnico vai até os agricultores orgânicos e recolhe as sementes crioulas de hortaliças, flores e plantas medicinais. Os itens passam por testes de qualidade e, se aprovados, são disponibilizados para todo o Brasil. O recurso das vendas é revertido aos agricultores.
"No sentido de ter uma semente limpa, uma semente agroecológica, que não tem nenhum tipo de agrotóxico, de defensivo ou de modificação genética. Então tem acontecido muito esse movimento de as pessoas da cidade buscarem sementes crioulas para terem em sua hortinha", afirma a coordenadora, Manuela de Faria.
Guardiãs de sementes preservam variedades raras de alimentos
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